OMS projeta que quase 30 mil homens entre 20 e 34 anos devem ter câncer de testículo em 2030
Levantamento atualizado feito pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) na base Cancer Tomorrow do IARC/OMS aponta que o câncer de testículo é o segundo mais comum no mundo entre homens de 20 a 34 anos, atrás apenas do câncer de tireoide

Abril é o mês dedicado à conscientização sobre o câncer de testículo — um tumor raro quando consideradas todas as idades, mas que se destaca por ser o segundo mais comum entre homens jovens de 20 a 34 anos. De acordo com o levantamento Cancer Tomorrow, da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS), a projeção é que a incidência anual de câncer de testículo nesta faixa etária suba de 28,4 mil casos registrados em 2022 para 29,5 mil novos casos em 2030. Quando consideradas todas as idades, são contabilizados anualmente cerca de 74 mil novos casos no mundo.
Com esses números, o câncer de testículo ocupa a segunda posição entre os tipos mais frequentes em homens de 20 a 34 anos, ficando atrás apenas do câncer de tireoide. Quanto à mortalidade, em 2022 foram registradas 2.680 mortes, com projeção de 2.990 óbitos no ano de 2030. A SBCO também observa que o Brasil tem a segunda maior incidência de câncer de testículo na América Latina, com mais de 3 mil novos casos por ano. Por sua vez, quando considerada a prevalência (total de casos para cada 100 mil homens) o Brasil aparece apenas na 11ª posição com 2,7 casos para cada 100 mil brasileiros.
O cirurgião oncológico e presidente da SBCO, Rodrigo Nascimento Pinheiro, explica que o autoexame é fundamental para o diagnóstico precoce, pois alterações nos testículos, como nódulos ou aumento de volume, podem ser percebidas ao toque. “A partir disso, é fundamental consultar um médico especialista, que investigará a lesão por meio de exames de imagem, associado com exame físico e de sangue, informa. Por sua vez, contextualiza Pinheiro, o principal desafio no Brasil está na tendência de os homens associarem alterações testiculares a doenças sexualmente transmissíveis ou traumas recentes, o que pode atrasar a procura por avaliação médica.
Principais sintomas do câncer de testículo:
Nódulo ou inchaço em um dos testículos
Sensação de peso no escroto
Dor surda na parte inferior do abdômen ou na virilha
Inchaço repentino no escroto
Dor ou desconforto em um testículo ou no escroto
Aumento ou sensibilidade no tecido mamário
Dor nas costas
Fatores de risco:
Apesar de raro, alguns fatores aumentam significativamente o risco de desenvolver a doença:
Idade: Maioria dos casos ocorre entre 15 e 50 anos, com pico entre 20 e 34 anos.
Raça: Homens brancos têm de 5 a 10 vezes mais chances de desenvolver a doença do que homens de outras raças.
Histórico familiar: Ter parentes de primeiro grau com câncer testicular eleva o risco.
Criptorquidia: Condição em que o testículo não desce naturalmente para o escroto. Mesmo após cirurgia corretiva, o risco persiste.
Síndrome de Klinefelter: Distúrbio genético associado a alterações hormonais e infertilidade.
HIV positivo: A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana também está relacionada a maior risco.
Histórico prévio: Homens que já tiveram câncer em um testículo têm risco aumentado de desenvolver novo tumor no outro.
Tratamento e abordagem individualizada
Para aqueles que já possuem o diagnóstico, a abordagem terapêutica é definida de forma individual, considerando as características do tumor. A cirurgia — chamada orquiectomia — consiste na remoção do testículo por meio de uma incisão na virilha. Durante o procedimento, amostras de tecido podem ser analisadas para determinar o tipo histológico e o estágio da doença.
Os tumores do tipo seminoma — os mais frequentes — costumam ser tratados com cirurgia, algumas vezes associada à radioterapia ou quimioterapia, a depender do estadiamento. “Além de remover o tumor primário, a orquiectomia é fundamental para o estadiamento da doença e direcionamento do tratamento adjuvante. Dependendo do tipo histológico e da presença de fatores prognósticos, várias estratégias de tratamento podem ser indicadas, sempre visando o equilíbrio entre eficácia oncológica e preservação da qualidade de vida”, complementa Pinheiro.
Sobre a SBCO - Fundada em 31 de maio de 1988, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) é uma entidade sem fins lucrativos, com personalidade jurídica própria, que agrega cirurgiões oncológicos e outros profissionais envolvidos no cuidado multidisciplinar ao paciente com câncer. Sua missão é também promover educação médica continuada, com intercâmbio de conhecimentos, que promovam a prevenção, detecção precoce e o melhor tratamento possível aos pacientes, fortalecendo e representando a cirurgia oncológica brasileira. É presidida pelo cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro (2023-2025).
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