MSF apela por fim de bombardeios implacáveis e indiscriminados na Ucrânia
Ataques devastadores das forças russas têm atingido hospitais, escolas e edifícios residenciais, causando vítimas em massa

Na noite passada (23/03), Kyiv enfrentou mais uma onda de bombardeios intensos. Isso ocorreu depois de ataques devastadores na região de Dnipro e na cidade de Kryvyi Rih, todos resultando em vítimas em massa. https://www.msf.org.br/noticias/tres-anos-de-guerra-na-ucrania-necessidades-medico-humanitarias-seguem-urgentes/
https://www.msf.org.br/noticias/repetidos-ataques-a-hospitais-na-ucrania-tem-tragico-custo-em-vidas-e-infraestrutura/
Com o uso de drones e mísseis de longo alcance, ninguém no país está seguro.
Os ataques da noite do dia 23 de abril em Kyiv atingiram com um míssil um edifício residencial. Os serviços de emergência ainda estão procurando por sobreviventes entre os escombros. Doze pessoas foram confirmadas mortas e mais de 70 ficaram feridas — entre elas, seis crianças. Muitas continuam hospitalizadas, com ferimentos que ameaçam suas vidas.
A sede da coordenação de Médicos Sem Fronteiras (MSF) na Ucrânia está localizada em Kyiv - equipes vivem e trabalham na cidade.
“Neste momento, nossas equipes — assim como milhões de outras pessoas — enfrentam ataques aéreos quase diariamente. Na noite passada, alguns de nossos colegas passaram a noite em estações de metrô. Outros não tiveram escolha a não ser acordar seus filhos e se refugiar em casa da melhor maneira possível, enquanto explosões sacudiam o chão e as janelas tremiam. Ninguém está seguro, as pessoas estão exaustas e muitas vivem com medo”, relata Thomas Marchese, diretor dos projetos de MSF na Ucrânia.
Este último ataque em Kyiv segue um padrão de bombardeios na Ucrânia, que têm como alvo edifícios residenciais, hospitais e escolas – os ataques ocorrem diariamente.
Em 5 de abril, equipes de ambulância de MSF atenderam as vítimas de um ataque que matou 20 pessoas em Kryvyi Rih, incluindo nove crianças. Uma sobrevivente encaminhada pelos paramédicos de MSF tinha apenas 7 anos de idade. Ela sofreu uma fratura no quadril, choque hemorrágico e ferimentos por estilhaços.
Em 23 de abril, ataque das forças russas com um drone atingiu um ônibus em Marhanets, região de Dnipro, matando pelo menos nove pessoas e ferindo 50. As equipes de ambulância de MSF apoiaram o Ministério da Saúde local no plano de atendimento a múltiplas vítimas, encaminhando pacientes com perda significativa de sangue e ferimentos por estilhaços.
Desde o início da escalada da guerra na Ucrânia, em 2022, cerca de 2 mil instalações médicas foram danificadas ou destruídas. Nos últimos meses, hospitais de todo o país enfrentaram diversos eventos com vítimas em massa e até se tornaram alvos, especialmente em áreas próximas à linha de frente, onde o sistema de saúde já está sob enorme pressão.
“A intensidade dos ataques que as pessoas têm suportado é enorme. Em nossas clínicas móveis, temos presenciado um aumento nos casos de ataques cardíacos Me AVCs — condições diretamente ligadas ao estresse prolongado. Na Ucrânia, nenhuma parte da vida diária fica imune à guerra. As pessoas podem ser atingidas enquanto se deslocam, comprando pão ou levando seus filhos à escola. Não há aviso prévio ou lugar seguro — são apenas segundos entre a vida normal e a violência extrema. Civis nunca devem ser alvos”, reitera Marchese.
As equipes de paramédicos de MSF estão atualmente apoiando respostas de emergência em Sumy, Dnipropetrovsk, Kharkiv, Kherson e Mykolaiv, enquanto equipes cirúrgicas continuam a fornecer cuidados vitais em hospitais próximos às áreas de conflito ativo.
Cuidados de reabilitação, incluindo fisioterapia e saúde mental, continuam em Cherkasy e Odesa. Já em Vinnytsia, a equipe de saúde mental oferece tratamento para síndrome pós-traumática causa pela guerra. Entre as estruturas médicas na Ucrânia, uma coisa permanece constante: o fluxo de feridos nunca para.
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